Ainda se tem uma visão romântica do líder: aquela em que se vê um personagem icónico a tomar decisões pensadas e refletidas, a atuar como um grande estratega e a participar nas grandes decisões da empresa, em modo: “eu é que sei…”
Mas a verdade do líder é outra, e bem conhecida. A verdade passa por ter de tomar a melhor decisão, aquela que parece a melhor decisão naquele momento, muito embora a visão esteja turva e o pensamento toldado, mas pareceu a melhor decisão. Depois tem que se viver com as consequências, as críticas, as lições, as guerras e as vitórias dessa escolha.
A visão romântica do líder coroado, com um manto vermelho, que espalha carisma sobre a equipa, que motiva e que tem todas as respostas, que ilumina as mentes dos outros e inspira confiança, que é destemido e ponderado, sábio e forte, sim, essa imagem, depressa se desvanece assim que se inicia a função de líder.
Todos os líderes sabem que o trabalho árduo e a predisposição para ouvir estão na base da tomada de decisão. Que o antídoto para a pós-decisão é a capacidade de aprender com os erros e a resiliência, que não nascem com o líder, mas que têm de se treinar com afinco.
O líder toma boas decisões, toma com certeza melhores decisões à medida que vai ganhando mais experiência e à medida que a equipa vai crescendo também.
O líder toma decisões menos boas, e até más decisões. Arrepende-se. Aprende. Entrega-se de novo à missão de liderar e segue em frente, mas com mais essa aprendizagem para o futuro.
Os que não aprendem, os que não reconhecem que as decisões são más, os que não ouvem as equipas e não as fazem crescer, esses sim, esses ainda existem, mas estão fora desta categoria de líder.
Esses estarão sempre certos para si mesmos. Esses terão sempre boas desculpas para que as suas excelentes decisões tenham dado errado, por culpa de alguma coisa ou alguém que só existe para boicotar o trabalho excelente que desenvolvem, e por isso revoltam-se, zangam-se e seguem em frente, repetindo as mesmas atitudes, e obtendo os mesmos (maus) resultados uma e outra vez.
Pensavam que agora ia entregar a taça da vitória? Não.
Os líderes que estão preparados para errar e aprender, escutar e servir, ser humildes e fazer crescer os outros, não procuram o troféu nem a fama, porque os sucessos das equipas é que os alimentam.